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Be8 coloca os biocombustíveis no centro da transição energética
Publicado em 14/07/2025

“Biocombustíveis são a solução imediata, com a força do agro”. A afirmação do empresário Erasmo Battistella, presidente da Be8, deu o tom da palestra realizada na RA (reunião-almoço) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) nesta segunda-feira (14). Em apresentação seguida de coletiva à imprensa, o executivo detalhou os caminhos da transição energética no Brasil e destacou as oportunidades para o Rio Grande do Sul se posicionar como líder global em combustíveis renováveis.
Battistella iniciou falando sobre os impactos das mudanças climáticas, como as enchentes que devastaram o estado em 2024, e provocou o setor produtivo a assumir protagonismo diante da inação de políticas públicas. “A temperatura média da superfície do planeta foi 1,55º acima da média estimada de 13,6º e a taxa de aquecimento dos oceanos quadruplicou. A conta chegou. Precisamos de novos comportamentos e ações imediatas”, disse.
Líder nacional na produção de biodiesel, com 11% de market share, a Be8 está presente em sete estados brasileiros, além de escritórios comerciais na Suíça (Genebra) e Emirados Árabes Unidos (Dubai). Em fase de internacionalização e diversificação, a companhia aposta em uma estratégia que combina dois vetores: crescer em geografia e em moléculas. Além do biodiesel tradicional, o portfólio da empresa avança com etanol de trigo e 2G, biogás, SAF (combustível sustentável para aviação), HVO, hidrogênio e metanol verde.
Entre os projetos apresentados, chamou atenção o BeVant, novo biocombustível desenvolvido pela Be8 em Passo Fundo, com patente de processo e produto, capaz de substituir 100% do diesel fóssil, com emissão 99% menor de gases de efeito estufa e custo competitivo para a realidade brasileira. O BeVant já está em fase inicial de testes e homologação no Centro Tecnológico da Randon, em parceria com a Gerdau. “Esse produto está sendo validado para diferentes modais e pode ajudar o País a reduzir emissões sem precisar trocar frota nem infraestrutura de abastecimento”, destacou.
Outro destaque foi o anúncio do investimento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão na construção de um complexo multitecnológico na BR-285 entre Passo Fundo e Carazinho, cujas obras se iniciaram nesse mês. A unidade, que ocupará 80 hectares, será voltada à produção de etanol, glúten vital, farelo proteico, energia elétrica e CO₂ capturado, todos oriundos do processamento de grãos como trigo e milho. “Hoje, o Rio Grande do Sul importa 100% do etanol que consome. Esse projeto muda esse cenário e gera emprego de qualidade para toda a região”, explicou.
A expansão internacional também inclui o projeto Omega Green no Paraguai, destinado à produção de biocombustíveis avançados com foco em exportação global, especialmente de SAF. O projeto foi viabilizado por incentivos locais, como a isenção fiscal na entrada e saída de insumos e produtos. “Não se trata de fuga, e sim de pragmatismo competitivo. Esse projeto é estratégico para atender ao mercado global, que já terá metas obrigatórias a partir de 2027”, afirmou Battistella, ao ser questionado sobre a atratividade de operar fora do Brasil.
Outro tema na palestra foi a infraestrutura logística. Battistella criticou o abandono da malha ferroviária gaúcha, sem operação desde as enchentes de 2024, e defendeu concessões com capital privado para viabilizar investimentos em estradas, aeroportos e portos. “Se o governo não consegue investir, que acelere os processos de concessão. O setor produtivo está pagando caro pela omissão”, alertou.
Na coletiva, o empresário revelou que, embora a Be8 mantenha exportações regulares para a Europa via Rotterdam, as exportações aos Estados Unidos foram suspensas em 2025 por causa da instabilidade tarifária e do receio dos importadores frente às políticas do governo norte-americano. “Falta segurança jurídica e previsibilidade. Isso tem impactado nossas operações”, relatou.
Além do setor energético, o grupo comandado por Battistella tem ampliado sua atuação na educação e na construção civil, com a revitalização do tradicional Colégio IE em Passo Fundo e a construção de um novo complexo multiuso na cidade. Ele também preside a Câmara de Comércio Itália–RS, reestruturada neste ano ao lado do empresário Neco Argenta e do cônsul-honorário da Itália em Caxias do Sul, Gelson Castellan. O novo escritório em Porto Alegre deve ser inaugurado entre setembro e outubro.
O presidente da CIC Caxias, Celestino Loro, ao fazer a abertura do evento, destacou a relevância do tema e da visão de Erasmo Battistella sobre transição energética. “A energia está na primeira página da agenda de ações da CIC. Acompanhamos com seriedade esse debate, porque ele impacta diretamente na competitividade das empresas”, afirmou Loro.
Fonte: Assessoria de Imprensa da CIC - Jornalista Marta Guerra Sfreddo (MTb6267)