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Caxias do Sul registra crescimento econômico de 10,6% no primeiro trimestre, mas enfrenta desafios com tragédia no RS

Economia, Finanças e Estatística

Publicado em 09/05/2024

Análises sobre os impactos da catástrofe gaúcha predominaram na reunião - Foto: Denise Suzin Borges/CIC Caxias
Análises sobre os impactos da catástrofe gaúcha predominaram na reunião - Foto: Denise Suzin Borges/CIC Caxias

A economia de Caxias do Sul registrou crescimento no primeiro trimestre de 2024, impulsionada pelo desempenho positivo em março, quando comparado a fevereiro. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (9) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC Caxias) e pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL Caxias), apontam um crescimento mensal de 4,5% em março e trimestral de 10,6%. Ao longo dos últimos 12 meses, a economia local expandiu em 5,5%.

Desempenho setorial

O setor industrial foi o grande destaque em março em relação a fevereiro, apresentando um aumento de 5,2%, seguido de perto pelos serviços, com crescimento de 4,5%. O comércio, por sua vez, viu um incremento de 2,4%. O diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Tarciano Mélo Cardoso explicou: "A economia de Caxias do Sul vinha performando bem neste início de ano. Observamos um avanço na indústria, com a massa salarial crescendo 18,3% e as vendas 3,6% em março. Apesar disso, alguns índices como utilização da capacidade instalada e horas trabalhadas se mantiveram estáveis ou apresentaram leve queda", observou.

Comércio exterior 

O desempenho no comércio exterior também foi positivo em março sobre o mês anterior, com as exportações aumentando 8,4% e as importações, 5,8%, levando a um aumento de 112% no saldo da balança comercial. No entanto, o primeiro trimestre mostrou uma queda drástica de quase 90% no saldo da balança comercial. Nos últimos 12 meses, o saldo da balança comercial caxiense fechou com um saldo positivo de US$ 220 milhões.

Impactos das enchentes e reação às adversidades

A economia local enfrenta, no entanto, incertezas devido à catástrofe no Rio Grande do Sul, cujos impactos completos ainda serão sentidos. "Os dados que temos até agora não capturam os efeitos desta tragédia. Possivelmente os levantamentos de abril e maio irão refletir mais claramente o impacto desta crise", disse Cardoso.

Maria Carolina Gullo, diretora de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, expressou preocupação com as adversidades enfrentadas pela economia. "Estávamos bastante otimistas com nossa economia, mas nenhum modelo matemático ou econométrico pode prever um desastre desta magnitude, que altera completamente todas as projeções para o ano", afirmou. Ela acrescentou que um retorno a uma certa normalidade, principalmente através do restabelecimento das conexões rodoviárias, é crucial para se aproximar de uma vida mais normal. No entanto, ainda é difícil dimensionar o impacto total, pois isso vai afetar as cadeias produtivas. "Podemos enfrentar desorganização semelhante à observada durante a pandemia, o que certamente causará desequilíbrio nos preços e alguma falta de produtos", concluiu Gullo.

As lideranças empresariais locais estão mobilizadas para mitigar os efeitos da tragédia. Celestino Oscar Loro, presidente da CIC Caxias, destacou: "Estamos vivendo um momento de extrema excepcionalidade. A entidade está fazendo um esforço enorme para buscar um mínimo de segurança para o mercado. O governo federal precisa regrar de forma sensata e equilibrada os efeitos que vão acontecer no mercado de trabalho em função da crise, principalmente para garantir estabilidade às empresas duramente afetadas e seus empregados. Precisamos ter consciência que têm empresas fechadas, tem trabalhador ilhado, tem fornecedor que não está recebendo. Como lidar com todos estes efeitos colaterais sem que o governo federal dê as condições para o enfrentamento? Por isso definimos cinco pilares principais de ação neste momento, que é para minimamente mitigar tudo aquilo que se avizinha. Vamos experimentar índices duríssimos", acrescentou, referindo-se aos próximos indicadores.

O presidente da CIC Caxias também detalhou esse plano de ação em que as entidades empresariais locais definiram cinco pilares de maior urgência para enfrentar os desdobramentos da crise, que incluem restabelecer as conexões rodoviárias para o transporte de ajuda humanitária, suprimentos, mercadorias e matérias-primas e suporte financeiro e segurança jurídica às empresas e trabalhadores afetados, entre outras medidas.

Loro também vê uma oportunidade para a Serra Gaúcha: "Se formos proativos, poderemos ser a locomotiva da reconstrução do estado, puxando a recuperação das demais regiões mais duramente afetadas pela tragédia. Há todo um esforço para, primeiro, mitigar o desastre, mas também precisamos ser capazes de resgatar a força econômica do Rio Grande do Sul a partir da Serra Gaúcha, que no momento ainda tem sua base produtiva atuando com certa normalidade. Tem a ver com a capacidade de reação e capacidade de puxar todo o estado junto”, ressaltou Loro.

Fonte: Assessoria de Imprensa da CIC - Jornalista Marta Guerra Sfreddo (MTb6267)

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