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Adaptação é a palavra-chave, diz cardiologista Fernando Lucchese sobre lições da pandemia

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Publicado em 03/05/2021

Renomado cardiologista palestrou na reunião-almoço virtual da CIC Caxias nessa segunda-feira (3) - Foto: Karine Zanardi dos Santos/CIC
Renomado cardiologista palestrou na reunião-almoço virtual da CIC Caxias nessa segunda-feira (3) - Foto: Karine Zanardi dos Santos/CIC

O cirurgião cardiovascular e escritor Fernando Lucchese palestrou na reunião-almoço virtual desta segunda-feira (3), na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) sobre as lições trazidas pela pandemia. “Seria imperdoável perda de tempo se voltássemos a ser exatamente o que éramos em janeiro de 2020”, argumentou o médico. Para ele, esta crise de saúde pública deixou claro que as pessoas precisam ser mais eficientes, criativas, atentas aos números da economia, rápidos nas decisões, tolerantes e inovadores. “Adaptação é a palavra-chave. Temos que ser otimistas”. 

Entre as principais lições da pandemia, na visão do médico, está a de que a saúde se tonou mais importante do que as pessoas costumavam pensar, e que a família mostrou a sua real importância. Além disso, as fragilidades humanas foram expostas e todos abandonaram a sua zona de conforto. Fernando Lucchese criticou o oportunismo político e jurídico durante a pandemia, classificando-o como “uma doença grave pior do que a própria Covid”. Fez ressalvas também ao papel da imprensa. “A mídia acha que contribuiu com a prevenção provocando o pânico. Toda profissão tem seu lado negro. Jornalistas, médicos e políticos estão revelando o seu”, explicitou. 

O cardiologista também mostrou preocupação com o futuro do SUS e com a saúde financeira dos hospitais filantrópicos. Chefe do Departamento de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular da Santa Casa de Porto Alegre e do Hospital São Francisco, Fernando Lucchese apresentou dados que apontam que, no Brasil 55%, da assistência ao SUS é feita pelos 1.800 hospitais filantrópicos. Na alta complexidade, este índice sobre para 70%. No Rio Grande do Sul, acrescentou, existem 333 hospitais, sendo 238 filantrópicos, que prestam 70% da assistência ao SUS.  Ainda de acordo com o ele, 35% é o déficit causado pelo SUS aos hospitais filantrópicos atualmente. 

Outros indicadores mostrados pelo médico dão conta de que a Santa Casa de Porto Alegre atendeu, de março de 2020 a março deste ano, 21.500 pacientes com Covid e teve mais de quatro mil internados. No mesmo período, realizou 62 mil cirurgias, sendo 930 cardíacas, em pacientes não Covid. 

Fernando Lucchese mencionou ainda o problema da disparada da inflação no setor de saúde. Alguns medicamentos necessários para os procedimentos de intubação sofreram alta de quase 400%. “O SUS foi vital em salvar a vida dos brasileiros e será o mais prejudicado pela pandemia”. E conclamou os empresários que, segundo ele, têm uma missão muito grande pela frente, que é cuidar das pessoas que têm menos capacidade de autogestão. “Toda comunidade tem que se preocupar com essa dura realidade”, alertou. 

A reunião-almoço da CIC Caxias foi conduzida pelo presidente Ivanir Gasparin, que em sua fala de abertura, ao comentar o tema a ser abordado pelo cardiologista, disse que a pandemia exigiu profunda mudança comportamental das pessoas. Criticou o extremismo político, ideológico, científico e nas interações pessoais, e ponderou que empresários não podem tomar decisões baseadas em narrativas, mas em fatos. 

Fonte: Assessoria de Imprensa da CIC - Jornalista Marta Guerra Sfreddo (MTb6267)