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ARTIGO: À margem da corrente

Institucional

Publicado em 30/07/2018

Nem é preciso ser historiador para saber que o desenvolvimento de Caxias muito se deveu ao esforço político para fazer com que a BR-116 passasse por aqui, em detrimento de outros traçados de construção menos dispendiosa. Foi um memorável lance estratégico dos líderes de então. Eles souberam aquilatar como seria decisivo para o progresso da cidade estar à margem da principal via de ligação do Rio Grande com o centro econômico do Brasil. Parece que aqueles visionários anteviam a miopia dos governos federais que decretaram a supremacia do transporte rodoviário, a falência do trem e um absurdo menosprezo às hidrovias. Então, encurtada a distância até os maiores centros de suprimento e consumo, o talento dos empreendedores e a qualidade da mão de obra puderam construir aqui o maior polo de desenvolvimento do estado, forte nos setores metal-mecânico e de material de transporte.

Fico pensando o que teria acontecido com a nossa cidade nas sete décadas seguintes, se os caxienses tivessem ficado comemorando a conquista da estrada, vendo a banda passar. E me inquieto porque, nesse mesmo intervalo de tempo, o mundo se transformou e os fluxos de progresso mais poderosos já não são físicos. Agora, conhecimento, inovação, negócios, oportunidades e até dinheiro (via blockchains), tudo circula digitalmente pela imensa rede global de computadores que é chamada de “nuvem”. Essa entidade tornou-se a maior fonte de desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social, acessível a qualquer interessado, em qualquer parte do mundo. Desta vez, nem precisamos lutar, porque esse fabuloso fluxo já está à nossa disposição, nos desafiando a utilizá-lo para a continuação da nossa história de sucesso.

Mas, atenção! Caxias precisa subir no ranking dos municípios brasileiros com melhor infraestrutura para acesso à internet e à nuvem, aumentando as redes de fibra ótica (inclusive na zona rural), e avançando para se tornar uma cidade inteligente. Agora, tal como no episódio da BR-116, não podemos ficar à margem da corrente, perplexos, vendo passar a banda (que agora é larga).

                                                                                           *Dagoberto Lima Godoy

Fonte: Dagoberto Lima Godoy - Presidente do Conselho Superior da CIC